domingo, 22 de setembro de 2024

Saí do armário, e agora?!

 Sair do armário. Tão complicado, caótico e não necessariamente importante. Por que e pra que fazemos então?

Não me lembro de ter trazido algo sobre sair do armário por aqui, se já contei, foi de forma resumida ou algo simples mas hoje tratei uma experiência recente e bastante significativa.

Na última quarta feira, dia 11, fiz 23 anos e apesar de não estar muito empolgada com esse evento decidi comemorar mesmo assim pois não é todo dia que fazemos aniversário. Não tinha muitos planos em mente e com a cabeça meio frustrada por planejamentos que não estavam indo com o esperado me limitei a comemorar na sexta feira 13 indo a Bienal internacional do livro. 

Especialmente nessa Bienal nós teríamos a ilustre participação da cantora, compositora, atriz, modelo e escritora, Hayley Kiyoko. Por crescer sendo uma criança/adolescente Disney Channel pude ver suas participações no seriado 'Os Feiticeiros de Waverly Place' e seu filme músical 'Lemonade Mouth' - que eu particularmente gosto muito. E assim fui introduzida no conceito de saber sobre sua existência. Tudo muda de forma drástica quando em 24 de junho de 2015 é lançada ao mundo seu videoclipe de maior sucesso, Girls Like Girls, e que videoclipe... O divisor de águas na minha vida e de tantas outras sáficas. 

Lembro-me de estar na praia vendo esse clipe pela primeira vez com os olhos brilhando e a boca aberta em um grande 'O' pois era chocante demais ver na internet que alguém tinha feito algo tão similar a uma experiência pessoal que eu estava vivendo, eu tinha apenas 13 anos e estava descobrindo o que era a palavra lésbica, lesbianismo, amor entre mulheres, era tudo muito novo e a ideia de beijar meninas parecia algo distante quase como improvável na mesma medida. Após ver o clipe em replay por longas horas, sonhar com a música, imaginar muito, fui entendendo meu lugar ao sol, que talvez meu destino fosse ser queimada pelo sol e se eu tivesse sorte poderia ter um refresco ao anoitecer. 

Disse a vocês em um post anterior que saí do armário para minha mãe em 2021 durante uma consulta com um terrível psiquiatra, mas até aquele momento só os meus amigos tinham ciência de como eu me sentia em relação a minha própria sexualidade, só eles tinham noção das nuances que passavam por minha cabeça e como eu me sentia verdadeiramente. Afinal, apesar de ser assumida para a pessoa que mais me importava, ainda sim, a ideia de falar em voz alta que eu era lésbica e participar de espaços designados a mim me enchiam de medo, um medo muito grande de sofrer nas mãos da igreja e dos meus próprios familiares porque esse é o futuro que nos aguarda, não é mesmo? Sua família te ama muito, mas de repente, uma simples frase, que você nem achava ser nada demais, muda toda a forma de como as pessoas te enxergam. 

Se vocês me perguntassem há uns anos atrás se eu acreditava nesse futuro pesado e dolorido, diria que sim, diria que só tinha essa opção, mas apesar desse texto ter sido difícil até agora, finalmente chegaremos na parte mais tranquila. 

Voltando a temática da Bienal e o dia com a Hayley, o foco não é sobre tê-la conhecido, mas sim sobre seu impacto em minha vida. 

Caso você seja meu seguidor do Instagram já deve ter visto o post que fiz https://www.instagram.com/p/C_-0ShMvK3a/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA== e ele é a grande razão d'eu estar escrevendo esse texto aqui hoje. Felizmente pude conhecer pessoalmente a mulher que foi a minha primeira rede de apoio quando me descobria lésbica aos 13 anos e consegui contar um pouquinho da minha história a ela, com o meu maior sorriso no rosto e olhar de admiração juntei tudo que sei de inglês e me atrevi a abrir meu coração como se fosse uma chance única na vida - e que de fato era. 

Fotos são memórias, e, após uma semana, continuo com as memórias vividas em minha cabeça porque sinto que sempre irei lembrar desse dia. Domingo 14/09 juntei minhas memórias e coloquei na internet num post carregado de sentimentos e grandes receios de tudo que poderia vir em decorrência.

Na semana seguinte quando contei a minha terapeuta sobre, a ouvi dizer com essas exatas palavras "estou muito feliz por você, foi muito corajosa em fazer isso" e posso dizer que o resumo foi esse. 

Todos ficaram imensamente felizes por mim. Todos? Todos mesmo? Todos mesmo é muita gente, porque é sempre muita gente, mas pessoas ficaram felizes e em consequência disso eu fiquei feliz. 

Poder escrever um texto honesto sobre sair do armário e ler depois diversos comentários amorosos sobre como mereço todo amor do mundo, sobre pessoas que me amam, sobre pessoas que estão felizes por mim é definitivamente algo que não estava no meu bingo pessoal de 2024. Era algo, que na verdade, não passava pela minha cabeça que um dia eu poderia mesmo receber tanto afeto assim na internet.

E como as coisas mudam né. Pra melhor. Realmente pra melhor. 

Depois dessa semana maluca e cheia de coisas, sinto que sou mais corajosa, continuo sendo eu porém de um jeito diferente. Sarah cresceu, Sarah amadureceu, Sarah está feliz. Sarah escreve seu blog e se despede desse texto com muito amor. 

Obrigada por acompanhar até aqui e como disse a própria Hayley em seu discurso da Bienal "você vai encontrar amor. Você merece amor" — HK 2024. 

domingo, 1 de setembro de 2024

Quando me casar, eu quero...

 Durante muito tempo da minha vida acreditei que casamento não era pra mim porque a ideia de estar toda arrumada, como uma princesa, pra alguém que poderia decidir me deixar no dia seguinte, sempre foi um borrão grande. Não havia nada nem ninguém em mente que pudesse me fazer sentir essa vontade e que fizesse eu me sentir tão amada ou desejada a ponto de dizer sim, de aceitar um anel no dedo, uma cama de casal e responsabilidades divididas igualmente. Até... Até minha vida virar do avesso, a pandemia chegar, minha cabeça definhar e meu coração não aguentar mais. 

Assistia filmes e programas sobre casamento sem conseguir me imaginar de branco numa igreja cheia de gente a espera da "noivinha mais linda", afinal, que tipo de homem me consideraria noiva e a mais linda? Que tipo de homem eu deixaria dividir as contas de uma casa e a cama todas as noites? Nenhum. E pra ser honesta com vocês, também me pegava pensando nisso quando tive meu primeiro namoro, não conseguia de jeito nenhum me imaginar dividindo a vida porque sabia que seríamos um enorme antro de problemas, visto que ela queria acabar comigo de forma psicológica pra depois oferecer ajuda e consolo. Queria que eu me expusesse e corresse risco de vida pra depois dizer que seu colo e casa estavam de portas abertas. Éramos um casal imaturo e cheio de falhas onde só falhavamos cada dia mais, mas que tivemos nossos bons momentos - se é que consigo me lembrar. 

Não sei como vai ser quando me casar, mas depois de ter encontrado um segundo relacionamento, melhor que o primeiro, porém com suas falhas, passei a me enxergar como a noivinha mais linda do mundo. Conseguia me imaginar dividindo uma casa e suas responsabilidades, era muito mais que isso, pensava em enfrentar tudo porque sabia que minha namorada merecia o mundo, merecia viver comigo da melhor maneira possível. Era a ideia de que ela merecia todos os meus beijos cheios de ternura, meus abraços mais sinceros, minhas palavras honestas e todos os sentimentos que conseguia carregar, antes de carregar meu sobrenome junto ao dela. Escrevo sobre ela porque sinto que até hoje tenho coisas a serem ditas e acabo por não dizer devido a vergonha, evito porém penso sempre que apesar de termos terminado, felizmente de forma tranquila, sempre irei a alimentar com meus melhores pensamentos e melhores desejos para que tenha uma vida cheia de amor e coisas boas.

Se a vida fosse um filme ou uma dessas séries bobas onde tudo é possível, eu gostaria de conquista-la novamente, mostrar meu amadurecimento como pessoa e que mesmo errando sei como concertar as coisas. Usar as minhas palavras pra expressar como me sinto e verbalizar todas as vezes que tomei coragem para fazer coisas enquanto pensava nela. 

Gostaria que soubesse que sua existência foi a coragem necessária para me assumir e pensar em ser mais carinhosa publicamente, que sua existência me fez pensar em como eu adoraria segurar sua mão na rua enquanto digo alguma bobagem e reafirmo que a amo. 

Atualmente não sei se me importo muito sobre como será meu casamento pois nunca serei dona do futuro e de tudo que me aguarda, mas, me importo em contar histórias de romances entre mulheres porque sei o quanto falta. Não quero viver de contos de fadas e histórias ficcionais, quero saber que a minha própria vida inspirou pessoas a se amarem e mostrarem o quão gostoso pode ser estar apaixonado. Escrevo porque sei que vou me arrepender se não falar sobre, porque não dá pra viver como Claire de Cartas para Julieta e esperar 50 anos até correr atrás do amor da minha vida. 

Talvez... Só talvez... Isso seja uma espécie de sabotagem com meus futuros relacionamentos, mas se for pra me sabotar e acabar com Ela de novo, então tá tudo bem 

Espero que vocês encontrem alguém na vida que te façam se sentir como me sinto.

Insight lésbico sobre poesia

  É domingo, 29/06/2025 e fazem alguns meses que eu só não postei nada porque estava ocupada vivendo fora das telas por um tempo até ter mai...