quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Renuncia

 Em tempos sombrios onde cada vez mais jovens por aí tem sofrido da hegemonia cristã  "renunciando" sua sexualidade em nome de Cristo, é cada vez mais comum ver vídeos/postagens de pessoas abdicando do seu verdadeiro eu e felicidade para ganharem migalhas de aceitação social e a esperança de um lugar no paraíso. 

Não é de hoje que a igreja, em especial a cristã/evangélica, costuma usar da fragilidade dos outros para que consigam fazer um verdadeiro terrorismo religioso a fim de que mais e mais pessoas se tornem seguidoras de Deus. Cristo esse, que se estivesse vivo hoje em dia, estaria profundamente entristecido com seus fiéis que tanto dizem pregar sua palavra quando na verdade leem muito por cima e interpretam a maneira que lhes convém. 

O intuito desse texto não é ser muito religioso mas também não posso deixar passar o assunto pois tem me assuatado ver pessoas jovens, comprometidas, que tinham um brilho no rosto mudarem de repente por medo do que a sociedade religiosa pode pensar. O Brasil é entitulado um estado laico porém majoritariamente cristã (87%) com de sua maioria católica-romana (64,4%), é comum escutarmos o termo "evangelistão" por aí para se referir ao país tendo em vista que evangélicos costumam ter muito poder por aqui, como na própria bancada evangélica por exemplo. 

Gostaria muito de poder escrever um texto dizendo que as pessoas tem sua própria voz para decidirem sobre si porém sei que não é assim e que pra mim, durante muito tempo não foi assim. 

Caso você seja novo ou não se lembre, religião é um tema muito presente na minha vida especialmente por ter crescido na igreja a vida toda. Felizmente posso dizer que cresci numa comunidade cristã que nunca foi muito de pressionar a nós membros, a doutrinação existia e existe com alguns assuntos específicos como por exemplo o halloween, pessoas diferentes (nos quesitos físicos/mentais/sociais), outras religiões principalmente de matriz africana e o constante pensamento de que só nós cristãos somos os certos e que os outros estão no limbo entre errados e do demônio, porque sim, no vocabulário evangélico só existe a palavra demônio e derivados pra definir tudo que não é aceito dentro da igreja. 

Com esse texto, reitero aqui, que em tempos sombrios onde cada vez mais jovens por aí tem sofrido da hegemonia cristã  "renunciando" sua sexualidade em nome de Cristo, posso dizer que tomei a melhor decisão da minha vida nesse ano de 2024. E, talvez, soe meio contraditório dizer isso, mas, eu pessoalmente, consegui balancear o que cabe de bom e me diz respeito. 

Já disse aqui ou em outras redes sociais minha que por muito tempo tive medo de me assumir como lésbica porém tive uma dose de coragem e expus na internet sobre não ser uma pessoa heteronormativa. Já tive medo da represália que sofreria por aí mas a minha saúde mental e felicidade valem muito mais, logicamente sei que vou viver a vida batalhando por um futuro de amor e respeito ao lado da minha futura esposa e não me importarei de fazer até que não precise mais. 

Se mesmo sendo assumida posso ir a igreja, é puramente porque vou com o intuito de firmar minha relação com Deus e manter contato com alguns colegas. 

Ao mesmo tempo sou 100% ciente de que a igreja e religião é um ambiente hostil e de traumas para muitos. Seus métodos são apelativos e doloridos, pois deixam marcas permanentes, machucam e afastam pessoas umas das outras. 

Pessoas existem, religiões existem, divindades existem, e sei que no meio de tudo isso existe o amor, e que ele é muito maior que tudo isso. Amor e respeito são a chave para toda e qualquer coisa. 

Tempos sombrios existem desde que o mundo é mundo e sempre tem um jeitinho de ser feliz sendo você mesmo, afinal, porque iríamos para o inferno se Deus nos fez exatamente como somos, baseados a sua semelhança e regados do seu amor? 

Talvez o texto tenha saído um pouquinho mais religioso do que eu gostaria, mas espero que fique uma reflexão bacana para todos que lerem. 

Deus é bom, mas lesbocentrar é melhor ainda!!

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